Talvez seja óbvio, mas escrevo sem rede de segurança, só com o lampejo que acorda depois da meia-noite e o medo de perder a ideia se eu não a guardar agora.
Volta e meia me pergunto: quantos kinks vivem melhor na memória do que na prática? Em algumas noites quero a bagunça, o roteiro, a agenda. Em outras, só peço permissão para ficar inacabado, deixar a fantasia pairar sem transformá-la em sessão.
Este sou eu lembrando que tudo bem habitar esse entre-lugar. Nem todo impulso precisa virar confissão ou encontro. Às vezes o pensamento já é a experiência — e está valendo.

O Lugar de uma Mulher
Sempre desejei bundas grandes. Desde o começo. Magro, minha primeira masturbação já foi pensando nas bundas avantajadas das mulheres mais cheinhas.
Lembro de uma das primeiras fotos pornôs que vi na internet: uma mulher sentada sobre o rosto de um homem. Instantaneamente aquilo me excitou. Mais que isso — ela o transformava em trono e em privada. Rebaixava-o e se engrandecia. Não gosto de scat, mas naquela época a cena me incendiou. Havia muitos sinais ali, que só decifrei depois; informação demais para um garoto.
Estou do Lado Mais Fraco
Existe uma força puxando os homens na direção das mulheres, muito mais intensa do que a que puxa as mulheres na direção dos homens. É um dado — não está em discussão. Posso chamá-la de vida. A vida liga homens e mulheres desse jeito porque é assim que permanecemos na Terra. Em linguagem crua: machos precisam prover as fêmeas para manter seus genes, e a libido mais alta empurra nessa direção. Não resumo toda a experiência humana, mas ignorar essa força é impossível.
Ao mesmo tempo, a natureza dá aos machos uma força que eles acabam usando em favor das fêmeas.